A Soberania Absoluta de Deus
Nos céus, estabeleceu o SENHOR o Seu trono, e o Seu reino domina sobre tudo. - Salmos 103:19
A Bíblia não nos dá qualquer espaço para uma visão tão pálida de Deus. EmEscritura após Escritura, Deus brilha com esplendor como o grande e glorioso Rei do Universo. "Porque para Deus não haverá impossíveis", a Bíblia proclama corajosamente e repetidas vezes (ver Lucas 1:37 e Marcos 10:27). "Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar", Deus relembra o seu povo duvidoso em Isaías 59. "Ninguém há como o SENHOR, nosso Deus", nos é dito repetidas vezes e nos é dito exatamente o que isso significa: Ninguém é como Deus em majestade, em santidade, na soberania e na fidelidade dos pactos (mantendo suas promessas absolutamente).
Dois encontros com Soberania
Uma forma de analisar a soberania absoluta de Deus é através dos olhos de duas pessoas que estiveram cara a cara com Ele de maneiras diferentes: Jó e Nabucodonosor. Jó era um homem de Deus justo, que viu a soberania de Deus em ação nos seus momentos de provações. Nabucodonosor foi um imperador orgulhoso que aprendeu a lição da soberania de Deus da maneira mais difícil, por ser destituído de seu poder e de sua sanidade por Deus.
Imagine ser tão fiel a Deus a ponto de Deus perceber e começar a se gabar de você. Deus estava tão orgulhoso da justiça de Jó que Ele se gabou de Jó com Satanás. Em resposta à aprovação de Deus sobre Jó, Satanás fez um trato com Deus e conseguiu permissão para testá-lo severamente. Contudo, não perca o ponto aqui: Satanás teve que obter autorização de Deus antes que pudesse tocar em Jó. Deus está no controle, inclusive das atividades de Satanás contra o Seu povo.
No ponto mais profundo de seu desespero, Jó desejou nunca ter nascido e questionou as razões de Deus por enviar tais provações à sua vida. Embora Jó nunca tenha pecado contra Deus em acusá-Lo de injustiça, ele quis saber dos motivos que Deus teria para prová-lo de forma tão severa (de uma forma que pareceu a Jó como uma severa punição). Jó não entendia porque seus filhos morreram, porque perdeu toda a sua riqueza ou porque seu corpo estava coberto de chagas. Ele não tinha respostas, e seus amigos foram de pouca ajuda, mas ele sabia que a mão de Deus devia estar por trás daquelas suas horas escuras. E ele estava certo.
Sobre as perguntas de Jó, Deus proferiu suas próprias perguntas. Em uma furiosa tempestade, a voz de Deus surge para desafiar Jó e para relembrá-lo de quem é quem no universo. "Onde estavas tu", Deus começou, "quando eu lançava os fundamentos da terra?" Em outras palavras: "Quem exatamente você pensa que é para questionar Deus?".
No final das contas, a resposta de Jó a Deus foi simples, profunda e a única verdade que todos nós precisamos saber, em última análise: "Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza." (Jó 42: 2, 5-6). Jó tinha aprendido que Deus era Deus, e isso foi o bastante para ele.
Ao contrário de Jó, Nabucodonosor não era um servo de Deus, justo e humilde. Na verdade, ele era um governante arrogante que construiu um ídolo de 27 metros para si mesmo e ordenou que todos se curvassem e o adorassem. No entanto, este pecador perverso precisava, tanto quanto o justo servo de Deus, saber a verdade sobre quem realmente estava no trono e era digno de adoração. Então Deus deu ao Rei Nebby (Nabucodonosor) um sonho.
No sonho, tal como interpretado por Daniel, Nabucodonosor soube que ele estaria, em breve, despojado de toda a sua dignidade e sanidade, e iria viver como um animal selvagem no deserto. Por quê? Nabucodonosor, havia se tornado orgulhoso e achava que sozinho era responsável pelo grande reino que havia construído. Ao olhar para fora sobre a gloriosa Babilônia, ele proclamou: "Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para a glória da minha majestade?" (Dn 4:30).
Depois que Deus humilhou Nabucodonosor, seu coração foi mudado e ele reconheceu que somente Deus é soberano sobre as questões das nações. Nabucodonosor proclamou:
"Pois seu domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?" - Daniel 4:34-35
Através da vida e exemplo de Jó, aprendemos que Deus é soberano sobre o nosso sofrimento. Todo sofrimento vem da mão de Deus e serve aos seus propósitos últimos, embora o sofrimento possa vir através de uma variedade de causas secundárias (doença, desastres naturais, opressão demoníaca, pecado, etc.). Através da vida e exemplo de Nabucodonosor, aprendemos que Deus também é soberano sobre as nações e os governantes do mundo. Ele levanta reis e presidentes e os usa para a Sua vontade, muitas vezes para abençoar uma nação e, muitas vezes para trazer juízo e destruição. Mais uma vez Deus usa as causas secundárias (eleições, revoluções, etc.), mas a mão por trás de tudo isso é a Sua, e a Sua somente.
Soberano Sobre Tudo
A completa soberania de Deus sobre todas as coisas é um dos principais temas da Bíblia e é ensinada explicitamente em vários lugares e também mostrada em repetidos exemplos. Algumas vezes a mão de Deus é mais visível e, algumas vezes mais escondida, mas Sua mão está sempre atuando e Sua vontade é sempre realizada. Na verdade, toda a história da Bíblia é a história da atividade soberana de Deus no mundo. Considere o que aprendemos com os seguintes livros da Bíblia:
Gênesis nos ensina que Deus é soberano sobre a criação e julgamento (o Dilúvio, Babel, Sodoma e Gomorra) e a eleição (a chamada de Abraão, a escolha de Jacó sobre Esaú).
Êxodo nos ensina que Deus é soberano sobre a libertação do seu povo e seus padrões morais (os 10 Mandamentos).
Levítico e Números nos ensinam que Deus é soberano sobre a organização do seu povo e sobre a adoração corporativa.
Deuteronômio, mais uma vez, enfatiza o senhorio de Deus sobre seu povo e Seu direito absoluto para abençoar e amaldiçoar conforme os padrões da Sua aliança, ou do Seu Pacto.
Josué nos ensina a soberania de Deus sobre as vitórias e derrotas do Seu povo (a batalha em Ai).
Juízes ensina o poder e o controle de Deus sobre a opressão e livramento do Seu povo.
Ruth nos ensina a soberania de Deus na vida dos estrangeiros e na linhagem do Messias.
Os livros de Samuel, Reis e Crônicas mostram a mão de Deus na história da nação de Israel, para abençoar e amaldiçoar como Ele prometeu fazer em Deuteronômio.
Poderíamos continuar e continuar. A Bíblia nunca se acanha em afirmar a soberania absoluta de Deus, mesmo quando as coisas são mostradas a partir de um ponto de vista humano e o rosto de Deus é mais velado no desenrolar da história.
Soberano Sobre a Salvação
Iremos lidar com esta área da vida de forma mais explícita em posts futuros, mas devemos fazer uma pausa neste ponto e enfatizar o ensino bíblico de que a soberania de Deus se estende a nossa salvação também. A salvação pessoal dos indivíduos não é uma área que Deus tenha deixado fora de seu interesse pessoal e controle. Pensar desta forma realmente compartimenta a nossa fé do resto da "realidade" e minimiza o impacto que a nossa salvação tem sobre o resto de nossas vidas e o impacto que a fé do povo de Deus tem tido sobre a história humana.
Pense nisso por um minuto: Se Deus está no controle completo do mundo e da história humana, é possível que ele não controle quem é salvo e quem não é? Isso tornaria a salvação um fator sem importância nos assuntos do mundo e da história humana. Se a salvação é o que a Bíblia diz que é, o mais importante de todos os assuntos humanos, é possível que Deus pudesse deixar apenas esta área intocada por Sua vontade soberana?
Felizmente, a Bíblia não nos deixa no escuro com estas questões. Através de exemplos humanos e ensinamentos explícitos, a Bíblia estabelece o senhorio de Deus sobre a salvação. Considere os seguintes exemplos pessoais da Bíblia:
1. A Chamada de Abraão (Gênesis 12)
2. A escolha de Jacó sobre Esaú (Malaquias 1:2-3 e Romanos 9:13)
3. A Chamada de Moisés para a liderança sobre Israel (Êxodo 3)
4. A escolha do próprio Israel dentre as nações do mundo (cf. Ezequiel 16, entre outros)
5. A chamada de Jeremias (Jeremias 1)
6. A vocação dos Discípulos nos Evangelhos
7. A salvação de Saulo na estrada de Damasco (Atos 9)
E considere os seguintes versos através de toda a Bíblia:
"Porquanto amou teus pais, e escolheu a sua descendência depois deles, e te tirou do Egito, ele mesmo presente e com a sua grande força" Deuteronômio 4:37
"E clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação." - Apocalipse 7:10
"De longe se me deixou ver o SENHOR, dizendo: Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí" - Jeremias 31:3
"Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça." Efésios 1:4-6
"Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda." João 15:16
"Porque tu és povo santo ao SENHOR, teu Deus; o SENHOR, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra." - Deuteronômio 7:6
"Teu servo está no meio do teu povo que elegeste, povo grande, tão numeroso, que se não pode contar." I Reis 3:8
"Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;" -1 Pedro 2:9
O conceito de escolha soberana de Deus na salvação não é um conceito secundário, obscuro, escondidos em algum canto escuro da Bíblia. Ele é claro, repetidamente afirmado como fato e ilustrado com exemplos pessoais. Repito, vamos olhar para isto de forma mais cuidada e atenta em post futuros, mas por enquanto já podemos dizer o seguinte: Um Deus verdadeiramente soberano também deve ser soberano sobre a salvação dos indivíduos, ou então ele não é realmente soberano.
Um Deus Verdadeiramente Soberano: Nossa Única Esperança e o Único Verdadeiro Deus
Se você vem até mim e me diz que conhece minha esposa, eu provavelmente lhe faria algumas perguntas quase que imediatamente: Como é que você a conhece? Há quanto tempo você a conhece? O que você acha dela? Suas respostas a estas perguntas me confirmariam se a pessoa que você conhece é de fato a minha esposa ou não. Se você disser que a conheceu na escola secundária em Kansas e que você a conhece desde então, há quase 20 anos, e que ela é uma pessoa muito severa e zangada, eu saberia, com certeza, que você não conheceu, de fato, a minha esposa. Nenhuma dessas coisas são verdadeiras a respeito dela, e assim, você estaria, obviamente, enganado sobre quem você acha que conhece.
Conhecer a Deus é um pouco mais difícil, mas não é uma questão fundamentalmente diferente. Eu conheço Deus. Eu me encontro com Ele regularmente em Sua Palavra e na oração. Eu O conheço pela maior parte da minha vida, e descobri que Ele é santo e bom, misericordioso e justo. Milhões de cristãos ao redor do mundo compartilham o meu conhecimento de Deus e de Seu caráter, como revelado nas Escrituras.
Outras pessoas no mundo também dizem conhecer a Deus. Na verdade, a maioria das pessoas dizem conhecê-Lo de alguma forma, mas para a maioria delas, o deus que conhecem não é o Deus vivo da Bíblia. Eles imaginam Deus como "a grande força" ou "Alá do profeta Maomé", ou "brâmane", ou como uma espécie de observador impotente do universo que Ele criou. Nenhum desses conceitos de Deus é preciso, e nenhuma das pessoas que afirmam conhecer a Deus dessa forma, absolutamente O conhecem de fato. Eles encontraram alguma outra pessoa, talvez um produto da sua imaginação de um personagem da ficção de outra pessoa, mas não encontraram Deus.
É possível, é claro, conhecer a Deus verdadeiramente sem saber tudo o que Ele revelou com precisão. Todos nós estamos nesta posição, em um grau ou outro. Nenhum ser humano jamais poderá conhecer a Deus de forma exaustiva, e todos nós que O conhecemos verdadeiramente, somos continuamente surpreendido por aspectos do seu caráter e somos regularmente desafiados pela Sua Palavra da verdade. Contudo, para alegar conhecer a Deus verdadeiramente, você deve conhecer um nível mínimo da verdade sobre Ele.
A soberania de Deus não é um nível avançado de conhecimento sobre Deus. Não é um mistério escondido, nem é ela um conceito mais elevado só para os crentes maduros. Ela é a essência do que queremos dizer quando dizemos Deus. Quem é Deus? Deus é o soberano, o criador e o Rei do universo. Embora possamos jamais compreender completamente todas as profundas complexidades da soberania de Deus, devemos reconhecer que Ele é realmente soberano. Ele é o Senhor. Ele governa sobre tudo. Ele é Deus.
Algumas pessoas temem a soberania de Deus. Podem pensar que, de algum modo, ela comprometa a bondade de Deus de que se Deus está no controle de calamidades e catástrofes do mundo, que Ele não pode ser totalmente bom. Eles também podem pensar que um Deus absolutamente soberano conflita com a sua compreensão do livre-arbítrio humano. Talvez isso ocorra mesmo.
Os maiores filósofos e teólogos do mundo têm lutado por milênios para explicar como a soberania de Deus interage com Sua bondade e com as nossas escolhas. As respostas podem nunca serem completamente conhecidas, e a Bíblia não nos dá, necessariamente, uma explicação exata. O que ela faz de forma clara e categórica é afirmar que Deus é soberano, que Ele é bom e que Ele nos mantém responsáveis por nossas escolhas. Provavelmente seja necessária a mente de Deus para entender exatamente como estas coisas funcionam em conjunto.
Permitam-me explicar como a soberania de Deus me dá conforto quando penso sobre a bondade de Deus e o problema do mal, bem como sobre minhas próprias escolhas. Sabendo que Deus é o Senhor é o único modo em que encontro alguma paz neste mundo tão cheio de maldade. A minha escolha é esta: Ou Deus tem um bom motivo e um plano por trás de todo o mal e sofrimento que vejo no mundo, ou então o mal e o sofrimento que vejo é sem sentido e até mesmo além do controle de Deus. A primeira opção me dá esperança e me leva a adorar, mesmo nos momentos mais sombrios. A segunda só me enche de desespero.
O mesmo pode ser dito de minhas próprias escolhas. Se eu fosse o rei da minha própria vida, o capitão do meu próprio destino, eu nunca teria um momento de descanso. Eu estaria eternamente repensando o que fiz e me afligindo para entender por que minha vida passou por tantas reviravoltas. Tantas coisas estão fora do meu controle e tantas das minhas escolhas são baseadas em motivações pecaminosas ou informações incompletas. No final das contas, devo descansar na mão de Deus, que está em ação em cada segundo da minha vida. Isto não desculpa o meu pecado de forma alguma, nem me alivia da minha responsabilidade por minhas escolhas, mas me dá uma paz que ultrapassa a minha limitada compreensão.
O Deus soberano, "aquele que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade", é o Deus da Bíblia, o Deus único e verdadeiro. Fé em Sua soberania é a única esperança para a minha vida, e a única esperança para este mundo aparentemente caótico em que vivemos. Ou Ele é Deus, ou Ele não é. Ou Ele está no seu trono e no controle, ou então o mundo e todos os seus habitantes vivem em uma anarquia cósmica. A Bíblia é clara sobre qual opção é verdadeira. Em qual você vai acreditar?
O SENHOR, porém, está no seu santo templo;
cale-se diante dele toda a terra. - Habacuque 2:20
Reina o SENHOR;
tremam os povos.
Ele está entronizado acima dos querubins;
abale-se a terra.
O SENHOR é grande em Sião
e sobremodo elevado acima de todos os povos. - Salmo 99:1-2
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